Depois de um período entregue às guloseimas e
de noites e mais noites de descontrole diante da mesa do jantar, você
nota que o peso aumentou. Aí, resolve lançar mão de medidas, digamos,
reparadoras. Passa a comer menos doce, capricha no consumo de fibras e
vegetais, troca o pão branco pelo integral, corta o refrigerante... E
todo esse esforço não surte aquele efeito desejado depressa. Será que já
se viu nessa situação? Pois então saiba o que anda alardeando um time
de especialistas da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Eles
descobriram uma estratégia simples, eficiente e barata quando o assunto é
perda de peso: tomar água.
De acordo com o estudo, quem bebe
dois copos do líquido — zero caloria — antes de cada refeição dá menos
garfadas e, consequentemente, elimina mais quilos do que aqueles que
abrem mão da fórmula H2O de emagrecimento. Para corroborar a tese, os
cientistas americanos dividiram em dois grupos homens e mulheres acima
do peso ou até mesmo obesos, gordos pra valer, com idade entre 55 e 75
anos. Metade dessa gente foi orientada a seguir uma dieta de baixa
ingestão calórica e beber água antes do café da manhã, almoço e jantar. O
restante adotou o mesmo regime alimentar, porém sem recorrer aos goles
de água.
Depois de 12 semanas, o primeiro grupo havia perdido em
média 15,5 quilos — um sucesso comparado aos 11 quilos do outro. "Ao
tomarmos água, a leptina e o PYY, dois hormônios envolvidos no controle
da saciedade, são liberados pelo estômago", especula Danielle Fava,
nutricionista de São Paulo. A leptina atua no próprio estômago, enquanto
o PYY é produzido no momento em que a água chega ao intestino. São eles
os responsáveis por enviar a mensagem de que estamos satisfeitos ao
cérebro. Ao receber essa informação, a massa cinzenta se contentará com
pratos menos fartos.
"É como se enganássemos o cérebro", compara
Silvia Papini, nutricionista da Universidade Estadual Paulista (Unesp),
em Botucatu, no interior do estado. Beatriz Botequio, nutricionista da
Equilibrium Consultoria, em São Paulo, acrescenta: "A própria distensão
do estômago provocada pela entrada do líquido também já colabora para a
sensação de barriga cheia, freando a comilança". Segundo a pesquisa
americana, pessoas de meia-idade e idosos são os maiores beneficiários
do efeito emagrecedor da água. Isso porque, com o passar dos anos, o
estômago desacelera seu trabalho e tende a levar mais tempo para se
esvaziar. "A água fica retida ali, o que prolonga ainda mais o estado de
saciedade", afirma Ricardo Rosenfeld, chefe da equipe de terapia
nutricional da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro.
Para
completar o trabalho, os cientistas da Virgínia foram checar o que tinha
acontecido com os participantes da investigação um ano depois. E
incrível: aqueles que continuaram tomando água antes das refeições
tinham emagrecido mais. Estavam cerca de 2 quilos mais leves, em média.
Só um detalhe: a estratégia funciona bem quando você molha a garganta
entre uma e meia hora antes de se sentar à mesa.
É preciso lembrar que a água, por si só, não
é capaz de exterminar os quilos indesejáveis. Para que o resultado seja
efetivo, a prática de exercícios físicos regulares e a adoção de uma
alimentação leve e balanceada também precisam ser levados em conta. "O
correto é investir em uma dieta de baixas calorias e rica em fibras, que
incham em contato com a água, o que incrementa a sensação de estômago
cheio e contribui ainda mais para a eliminação de peso", aconselha
Danielle Fava.
E os goles de água fazem muito mais do que ajudar
na perda de peso. Geralmente, o líquido carrega pitadas de sais
minerais, como magnésio, sódio e potássio. Também ajuda a regular a
temperatura do corpo e eliminar substâncias não utilizadas pelo
organismo. "A água ainda compõe aproximadamente 60% do peso corporal do
homem e 50% da mulher. E participa de todas as reações enzimáticas do
organismo humano", salienta a nutricionista Fernanda Alves, do Hospital
Samaritano de São Paulo. Sem contar que hidrata a parede do intestino,
fazendo-o funcionar melhor, e promove uma verdadeira faxina, mandando
para fora, pela urina, o excesso de sais que sobrecarregam os rins. Daí,
os inchaços diminuem.
De quebra, sua ingestão favorece a
absorção dos nutrientes responsáveis pelo equilíbrio e pela hidratação
da pele, o que a deixa mais bonita e evita, indiretamente, o
aparecimento de rugas e marcas de expressão. Auxilia até mesmo no
combate a problemas respiratórios. Isso porque ajuda as mucosas a
produzirem secreções que mandam micro-organismos estranhos para as
cucuias. Enfim, não há célula, tecido ou órgão que escapem de sua ação.
"O
consumo de água promove um bom funcionamento do organismo como um todo,
o que acarreta a aceleração do metabolismo e o gasto calórico", observa
Fernanda Alves. Porém, para desfrutar de tantos benefícios, é
necessário sorver, no mínimo, 1,5 litro por dia. "Diariamente, o corpo
perde de 1,5 a 2 litros de água e sais minerais por meio de suor, urina,
fezes e até mesmo lágrimas. Isso precisa ser reposto para mantê-lo em
forma e saudável", alerta Beatriz Botequio.
NÃO ESPERE A SEDE CHEGAR
"É
a desidratação que faz o cérebro acionar a sensação de sede. Portanto,
ela só aparece quando o corpo já está desidratado", afi rma a
nutricionista Danielle Fava. A cor e a quantidade de urina sinalizam
como anda a sua hidratação — se estiver escura e pouco volumosa, é um
indício de que o corpo está com uma baixa oferta do líquido.
PARA A DIGESTÃO, BASTA UM COPO
Ao
contrário do que muitos pensam, beber água durante as refeições faz,
sim, bem ao organismo, já que o ajuda a digerir a comida. Só não vale
exagerar. "Muito líquido acaba por diluir o suco gástrico presente no
estômago, fazendo o efeito inverso", esclarece Silvia Papini,
nutricionista da Unesp de Botucatu. Para acompanhar um bom prato, um
copo de 200 ml está de bom tamanho.
FONTE: http://saude.abril.com.br/edicoes/0329/nutricao/agua-ajuda-emagrecer-605366.shtml?pag=1